Será que a TANB (ou mesmo a TANL) é o único valor que deves ter em conta para filtrar os vários depósitos a prazo existentes no mercado?
Eu diria que não. Não é só a TANB que conta. Existem outras variáveis como o prazo ou a penalização por levantamento antecipado que podem mudar por completo a tua análise e decisão final.
A maioria das pessoas concentra-se apenas TANB e parece-me a mim que isso é um erro.
1. A TANB é uma taxa anualizada
Tem atenção à TANB (Taxa Anual Nominal Bruta), na perspectiva que esta é uma taxa anualizada.
A TANB mostra a % de juro que podes ganhar num depósito a prazo, mas nos depósitos com duração inferior a 1 ano, não vais receber essa taxa por completo.
Exemplo:
Imagina que vais abrir um depósito a prazo a 6 meses e a TANB é de 3%. Para calculares o valor “real” da TANB, tens que multiplicar os 3% por 0,5 (6 meses), ou seja 3% * 0,5 = 1,5%.
Agora imagina que o depósito tem o prazo de 3 meses. A conta é semelhante, apenas tens que alterar 0,5 para 0,25 (3 meses). Resultado: 3% * 0,25 = 0,75%.
Desenvolvemos um simulador de depósitos a prazo, que te ajuda a fazer estas contas automaticamente.
2. As taxas são influenciadas pelo prazo
Podes pensar que as taxas mais vantajosas estão nos depósitos a longo prazo. Não nem sempre é assim.
Alguns bancos têm taxas mais competitivas para os depósitos a curto prazo para angariar “dinheiro rápido” e não necessariamente por o produto ser melhor.
Tem atenção à renovação:
Se o banco permitir renovação automática do depósito, o mesmo pode ser renovado (no final do prazo) com uma taxa mais baixa do que a “original” e podes nem reparar nisso.
3. Penalizações por mobilização antecipada
O facto de poderes levantar o dinheiro/terminar o depósito em qualquer altura (nos depósitos que o permitem), não significa que vás ficar com o juro que já ganhaste nesse tempo.
Antes de contratar, analisa a FIN (Ficha de Informação Normalizada) e verifica a parte da “mobilização antecipada”.
Podes sofrer penalização total dos juros ou apenas parcial, vai depender do depósito que contratares.
4. Considera a inflação
Na data que escrevo este artigo, e segundo esta notícia do Banco de Portugal, a taxa de inflação para o mês de setembro em Portugal, está nos 1,9%.
Para calculares o valor real final do teu “investimento”, deves ter em conta o valor da inflação.
Para exemplificar:
Ao abrires um depósito a prazo com TANB de 3%, a primeira coisa que tens que fazer é calcular a TANL (o valor líquido).
Para isso basta multiplicares os 3% por 0,72 (são 28% de imposto para Portugal Continental e Madeira, que tens que pagar ao estado para chegar ao valor líquido).
Se subtraíres aos 2,16% os 1,9% da inflação, o resultado será de 0,26%.
O lucro real do teu depósito a prazo é 0,26%.
Podes obter mais informações no site do Banco de Portugal, neste link.
5. O Fundo de Garantia de Depósitos tem limites
O Fundo de Garantia de Depósitos (FGD) protege o teu dinheiro até 100.000€, mas é por titular e por banco.
Ou seja, se tiveres em teu nome 120.000€, por exemplo, num determinado banco, os 20.000€ restantes não estarão protegidos.
Sugestão: “Divide” o teu dinheiro por vários bancos de maneira a evitar isto. Podes colocar 60.000€ em dois bancos diferentes, ou 100.00€ num e 20.000€ noutro, por exemplo.
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Espero que agora estejas mais ciente destes pormenores e que tenhas os mesmos em conta ao abrires o teu próximo depósito a prazo.
Bons investimentos!
Referências:
- https://clientebancario.bportugal.pt/pt-pt/taxas-de-juro
- https://www.pordata.pt/pt/estatisticas/inflacao/taxa-de-inflacao/taxa-de-inflacao-por-bens-e-servicos-portugal
- https://bpstat.bportugal.pt/dominios/41/
- https://www.bancoctt.pt/as-suas-poupancas/taxas-de-juros-nos-depositos-a-prazo-saiba-como-funcionam













