Criptomoedas: o que são e como funcionam?

Já deve ter ouvido falar em criptomoedas, mas sabe o que são e como pode investir nestas moedas virtuais? Leia o artigo e fique a saber mais sobre o tópico.
24 Mai, 2023
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Actualização: 7 Mai, 2024
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Nos últimos anos, as criptomoedas ganharam uma enorme popularidade e tornaram-se uma parte importante do cenário financeiro global. Mas o que são exatamente as criptomoedas e de que formas poderá adquiri-las? Neste artigo iremos partilhar consigo algumas informações que podem ser relevantes se estiver a ponderar entrar no mercado das criptomoedas.

Criptomoedas: o que são e como surgiram?

As criptomoedas são moedas virtuais que diferem das moedas tradicionais com as quais estamos familiarizados no nosso quotidiano. Ao contrário das moedas físicas emitidas pelos bancos — euro, dólar, libra, iene, entre outras —, as criptomoedas não possuem uma autoridade central que as emite ou controla. Embora, à primeira vista, essa ideia possa parecer sinistra, a verdade é que as criptomoedas se baseiam numa tecnologia que lhes permite funcionar dessa forma.

Para compreender melhor este conceito, pode-se comparar esta maneira de lidar com o dinheiro ao surgimento do e-mail, que revolucionou a forma como partilhamos a informação. Antes da Internet, o envio de mensagens para outras pessoas exigia a intermediação dos correios e, consequentemente, uma entrega física. Porém, com a evolução da tecnologia, passámos a ter acesso a serviços de correio eletrónico, como o e-mail, que nos permitem enviar mensagens em apenas alguns segundos, sem a necessidade de existirem intermediários.

De forma semelhante, as criptomoedas têm o potencial de simplificar as transações financeiras. Com o Bitcoin (uma das mais conhecidas moedas digitais), é possível transferir fundos de uma pessoa para outra, em qualquer parte do mundo, sem ser preciso confiar a tarefa a terceiros. Essa independência é alcançada através da tecnologia de blockchain, que garante a segurança, transparência e descentralização das transações de criptomoedas.

Embora a Bitcoin seja uma das criptomoedas mais populares, o conceito de criptomoeda surgiu momentos antes. Em 1998, Wei Dai, partilhou a ideia de utilizar a criptografia para controlar a emissão e as transações de uma nova forma de dinheiro. Essa proposta eliminava a necessidade de uma autoridade central, como os governos, para garantir a confiança nas transações. Desde então, as criptomoedas têm evoluído e se diversificado, abrindo caminho para um ecossistema financeiro digital cada vez mais abrangente e inovador.

De que formas as podemos usar?

As criptomoedas podem desempenhar as mesmas funções que o dinheiro físico. Elas são amplamente utilizadas como um meio de troca, facilitando transações comerciais de âmbito local ou internacional. Além disso, estas moedas virtuais servem como uma reserva de valor que permite que as pessoas preservem o seu poder de compra ao longo do tempo. Essa capacidade de manter o valor ao longo do tempo é particularmente valiosa num mundo onde a inflação pode alterar o valor das moedas tradicionais.

As criptomoedas podem ainda servir como unidade, permitindo que os produtos e serviços sejam precificados e o cálculo económico se realize com base nelas. No entanto, é importante frisar que, de acordo com a visão de alguns especialistas, moedas como a bitcoin ainda não alcançaram plenamente o seu estatuto de unidade de conta devido à sua alta volatilidade atual. A volatilidade dos preços das criptomoedas é um dos desafios que precisa de ser superado para que elas sejam amplamente adotadas como uma medida padrão de valor nas transações que se efetuam diariamente.

Apesar de existirem vários desafios que travam a adoção da tecnologia, as criptomoedas continuam a evoluir e a adaptar-se, numa tentativa de alcançar estabilidade e aceitação. Com o desenvolvimento de tecnologias e soluções inovadoras, acredita-se que as criptomoedas possam, eventualmente, desempenhar o seu papel, constituindo-se como uma alternativa eficiente e de confiança ao dinheiro físico.

Mineração de criptomoedas: o que é e para que serve?

A mineração de criptomoedas é um processo fundamental para o funcionamento destas moedas virtuais, baseadas num código complexo que é imutável e protegido por criptografia. Como não existe uma autoridade central que processe os pagamentos ou transferências, é necessário um grupo de pessoas para realizar esse trabalho.

Os mineradores desempenham um papel importante no funcionamento e manutenção da rede das criptomoedas. Trata-se de pessoas que utilizam o poder de processamento dos seus computadores para registar e validar as transações no blockchain, que é um enorme registo público de todas as operações realizadas com a moeda digital. Cada nova transação é verificada em relação ao histórico do blockchain, garantindo que as mesmas moedas não tenham sido anteriormente usadas por outra pessoa. Em troca deste serviço, os mineradores são recompensados com criptomoedas da mesma rede.

Assim, a mineração representa a geração de novas criptomoedas. À medida que mais computadores são utilizados para aumentar a capacidade de processamento nesta operação, os problemas matemáticos tornam-se mais difíceis de resolver. Esse mecanismo é projetado para limitar a quantidade de moedas que podem ser mineradas, seguindo uma lógica semelhante à extração de metais preciosos da Terra, onde há um número limitado e conhecido de criptomoedas que podem ser mineradas. A mineração das moedas virtuais desempenha um papel de relevo na manutenção da segurança e integridade de todas as transações, tornando possível o seu funcionamento descentralizado.

Como ocorre a variação de preço?

A variação do preço das criptomoedas é determinada principalmente pela lei da oferta e da procura. Isto significa que quando as criptomoedas recebem mais atenção e são mais procuradas pelos investidores, o volume de compras aumenta e, consequentemente, os preços tendem a subir.

Um fator importante a ser considerado é que o número de criptomoedas em circulação é limitado. Por este motivo, a procura tem de acompanhar esse ritmo para que o preço se mantenha estável. A escassez relativa das criptomoedas contribui para a sua valorização quando a procura é elevada.

Devido ao tamanho ainda pequeno do mercado das criptomoedas, apenas algumas operações podem causar uma oscilação abruta nas cotações. Em 2017, por exemplo, o preço da Bitcoin saltou de aproximadamente 4 370 para 13 800 dólares em apenas três meses. No entanto, após pouco mais de um ano, o valor já tinha caído para cerca de 3 500 dólares. É um exemplo que evidencia a alta volatilidade das cotações destas moedas virtuais.

Principais criptomoedas no mercado

A Bitcoin é a criptomoeda mais conhecida, porém existem outras moedas virtuais que possuem características distintas. Conheça, abaixo, as principais disponíveis no mercado:

Bitcoin: foi criada em 2008 como o primeiro sistema de pagamentos global totalmente descentralizado. O seu objetivo era substituir o dinheiro físico e eliminar a necessidade de intermediários bancários. Estima-se que haverá, no máximo, 21 milhões de bitcoins em circulação.

Bitcoin Cash: é uma versão mais recente da Bitcoin original, desenvolvida em agosto de 2017. Foi criada com o intuito de aprimorar a primeira moeda, que possuía taxas elevadas e um processamento demorado. A Bitcoin Cash tem um limite de tamanho de bloco maior, o que permite transações mais rápidas e com taxas mais baixas. Também possui um limite de 21 milhões de moedas.

Ethereum: apesar de ter algumas semelhanças com a Bitcoin, a Ethereum possui diferenças significativas. Originalmente denominada Ether, a moeda passou por uma mudança após um roubo em 2016. A comunidade decidiu criar uma rede com o nome Ethereum, enquanto a versão original passou a ser chamada de Ethereum Classic. A Ethereum é uma plataforma descentralizada que executa contratos inteligentes automaticamente quando certas condições são cumpridas. Assim como a Bitcoin, utiliza o blockchain para validar as transações e garantir a segurança e o processo de mineração também é utilizado para criar moedas. Atualmente, a Ethereum está entre as criptomoedas mais negociadas no mundo.

Tether: a Tether (USDT) é uma stablecoin, ou seja, uma criptomoeda cuja cotação está indexada a outro ativo (neste caso o dólar norte-americano), lançada em 2014 pela empresa com o mesmo nome. Contudo, a transparência relativa a esta paridade tem sido questionada, principalmente depois de ter sido revelado que nem sempre a cotação está indexada ao dólar. Apesar das controvérsias, a Tether é utilizada para transferências entre sistemas e criptomoedas, oferecendo menor volatilidade e mais proteção contra variações de preço.

Ripple: o Ripple (XRP) é um protocolo de pagamento distribuído criado em 2011, que tem associada a moeda XRP. O Ripple permite pagamentos seguros e instantâneos e suporta outros tokens que representam moedas tradicionais e ativos diversos. Uma das principais diferenças no Ripple é a capacidade de colaborar com o sistema financeiro tradicional e se assemelhar ao funcionamento bancário, aceitando vários ativos e transações. Além disso, não existe processo de mineração no Ripple.

Litecoin: a Litecoin (LTC) foi criada em 2011 por Charlie Lee, um ex-funcionário da Google, e possui semelhanças com a Bitcoin. A principal diferença está no processo de mineração, que é mais rápido na Litecoin, reduzindo o tempo necessário para confirmar as transações. Essa característica torna a Litecoin uma opção mais adequada para transações diárias, enquanto a Bitcoin é vista como uma reserva de valor. A Litecoin tem um limite de 84 milhões de moedas, em comparação com os 21 milhões da Bitcoin.

Prós e contras de investir em criptomoedas

Investir em criptomoedas traduz-se em inúmeras vantagens, mas também apresenta riscos. As criptomoedas são ativos recentes e possuem uma lógica complexa de funcionamento, o que leva muitas pessoas a procurar compreendê-las melhor antes de investir.

Em relação às vantagens, as moedas virtuais, como o Bitcoin, possuem benefícios em comparação com as moedas físicas e outros meios de pagamento. As principais são:
Liberdade de pagamento: com o Bitcoin, é possível enviar ou receber qualquer valor instantaneamente e em qualquer lugar.

Taxas reduzidas: as transações efetuadas com moedas digitais possuem, geralmente, taxas reduzidas ou nulas. Embora existam cobranças para confirmações mais rápidas das operações, os serviços baseados em Bitcoin para o comércio em geral oferecem custos menores em comparação com os métodos tradicionais, como o PayPal ou redes de cartão de crédito.

Segurança: o Bitcoin permite que os pagamentos sejam realizados sem vincular as informações pessoais do utilizador, fornecendo uma proteção sólida contra o roubo de identidade. Além disso, os utilizadores podem proteger o seu dinheiro com cópias de segurança e criptografia.

Transparência: todas as informações sobre a oferta de Bitcoins estão disponíveis na blockchain para qualquer pessoa. O protocolo da moeda digital é criptografado, o que impede que qualquer pessoa ou organização controle ou manipule a moeda. O processo é, assim, considerado neutro, transparente e previsível.

No entanto, investir no mercado de criptomoedas também envolve certos riscos. Alguns desses riscos prendem-se, sobretudo, com:

Grau de aceitação: como apenas uma parcela relativamente pequena da população conhece e utiliza as criptomoedas, são poucos os estabelecimentos que aceitam este tipo de pagamento.

Volatilidade: as moedas virtuais são conhecidas por sofrerem grandes ajustes de preço. À medida que as criptomoedas ganham visibilidade e atraem novos utilizadores, o valor delas pode ser sobrevalorizado. No entanto, alguns analistas acreditam que, com o amadurecimento do mercado e do sistema, a volatilidade tenderá a diminuir ao longo do tempo.

Segurança: embora a segurança seja considerada uma vantagem das criptomoedas, é importante que os seus utilizadores tomem medidas para evitar a perda dos ativos. As carteiras de criptomoedas devem ser protegidas por criptografia, pois, sem ela, as moedas virtuais podem ser roubadas. As casas de câmbio de criptomoedas também são alvos de hackers, podendo existir casos de roubo pontualmente.

Como investir em criptomoedas?

No universo das criptomoedas, as transações ocorrem nas chamadas “bolsas cripto”, ou seja, em sites onde é possível transferir dinheiro “real” (como euros ou dólares) com o objetivo de trocá-lo por criptomoedas ou realizar conversões entre diferentes moedas virtuais. Essas bolsas operam de maneira semelhante às bolsas de valores ou casas de câmbio.

A interação com esses sites é semelhante àquela que os consumidores têm com seus bancos online. O acesso é feito por meio de um nome de utilizador e uma palavra-passe (além de outras medidas de segurança) e não é exigido nenhum conhecimento específico sobre o funcionamento das criptomoedas ao investidor. No entanto, é altamente recomendado que este se informe o máximo possível antes de se aventurar no mundo das moedas virtuais.

Diante da ausência de regulamentação nessa atividade, é provável que, ao fazer uma pesquisa, acabe por encontrar sites menos confiáveis. Na falta de uma garantia melhor, os investidores devem-se limitar às bolsas cripto com as melhores referências. A mais conhecida delas é a Coinbase, com sede nos EUA, que inclusive é cotada em bolsa, o que garante maior escrutínio e transparência.

Existem, contudo, outros sites com boa reputação e histórico de transações como o Kraken, uma bolsa cripto norte-americana e uma das mais antigas do mercado; o Bitstamp, que teve início na Eslovénia, mas já possui escritórios no Reino Unido e no Luxemburgo; e o Binance, que já teve alguns incidentes desfavoráveis, como um ataque informático que aconteceu em 2019 e culminou no roubo de dezenas de milhões de dólares.

Algumas instituições de pagamento também permitem que adquira e armazene criptomoedas, paralelamente aos seus serviços convencionais. A Revolut, por exemplo, permite adquirir bitcoins e outras criptomoedas através da sua app, desde que lhe seja taxada uma comissão.

Além disso, há um número crescente de corretoras online que incluem criptomoedas entre os ativos transacionáveis. No entanto, o investidor deve garantir que essas corretoras estão a adquirir, efetivamente, as criptomoedas, e não a investir em produtos financeiros que tentam replicar as variações das moedas virtuais.

Uma das vantagens de recorrer a instituições financeiras prende-se com o facto de estas serem reguladas, oferecendo maior segurança jurídica aos investidores.

Em suma, ao explorar o mundo das criptomoedas, é essencial tomar decisões inteligentes e seguras. Informe-se e compreenda os riscos existentes neste mercado antes de agir. Só assim poderá realizar investimentos conscientes e bem-sucedidos.

João Neves
Com cinco anos de experiência em investimentos, decidi que era altura de poder partilhar os conhecimentos e experiência que adquiri nas áreas da bolsa de valores, das criptomoedas, do mercado forex, dos produtos financeiros e mercado imobiliário.