Devo investir em imóveis em 2023, tendo em conta as taxas de juro?

Com o aumento das taxas de juro e do custo de vida em Portugal, investir em imóveis tornou-se um verdadeiro desafio. Será que compensa fazê-lo em 2023?
3 Jul, 2023
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Actualização: 7 Mai, 2024
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O mercado imobiliário, especialmente no segmento da habitação, tem apresentado sinais de desaceleração. Com o agravamento da conjuntura económica, a subida galopante das taxas de juro, o aumento da inflação e o aperto das condições de financiamento, os investidores são forçados a repensar as suas estratégias e as famílias a renegociar os créditos à habitação.

Taxas de juro mantêm-se altas por longos meses

Em junho, a média das taxas utilizadas nos empréstimos da casa e nos empréstimos às empresas voltou a subir, agravando os contratos a rever em julho e os novos empréstimos.

De acordo com o Banco de Portugal, a Euribor a 12 meses — o prazo para cerca de 40,9% dos empréstimos à taxa variável — fixou-se em 4,007%, mais 0,145 pontos percentuais face aos 3,862% verificados em maio. Esta é já considerada a maior e mais rápida subida alguma vez observada na história das Euribor, e para encontrar valores tão elevados, temos de recuar 15 anos, até novembro de 2008.

Desde janeiro de 2022, quando as taxas começaram a aumentar, observou-se um aumento de 4,5 pontos percentuais nas Euribor, que passaram de um valor negativo de 0,477% para os atuais 4,007%. Para ilustrar o impacto financeiro que esta subida representa, podemos considerar um empréstimo de 150 mil euros, com a Euribor a 12 meses, a 30 anos e com um spread de 1%. No início de 2022, este empréstimo resultaria numa prestação de 448,65 euros. No entanto, ao ser revisto em julho de 2023, com base nos valores de junho, a prestação sobe para os 805,87 euros, o que representa um acréscimo de 357,22 euros por mês, ou, por outras palavras, um aumento de 4286,64 euros nos próximos 12 meses, quando ocorrerá uma nova revisão.

Diante deste cenário, é importante considerar cuidadosamente os prós e contras de investir em imóveis ou alugar uma casa, tendo em conta os rendimentos do investidor ou da família. Neste sentido, listamos alguns dos encargos associados a cada opção, para que os leitores tenham uma visão mais clara durante a sua análise.

Encargos decorrentes do investimento num imóvel

Investir num imóvel é uma escolha astuta para quem deseja construir um património sólido e duradouro. Ao adquirir uma casa, está a tomar uma decisão que vai além de ter um simples lugar para morar. Está a fazer um investimento concreto, cujos benefícios serão percebidos a longo prazo. Contudo, é importante considerar que adquirir um imóvel requer disponibilidade financeira e assume um compromisso de longo prazo, geralmente de uma, duas, três ou mesmo quatro décadas (caso a idade atual seja inferior a 30 anos).

Assim, a compra de uma casa requer uma análise cuidadosa e uma planificação financeira sólida. É essencial avaliar os recursos disponíveis, incluindo poupanças, rendimentos estáveis e a capacidade de pagamento a longo prazo. Para além disso, é importante considerar os custos adicionais associados à propriedade, como impostos, seguros, manutenção e eventuais encargos relacionados com o financiamento.

Se quiser levar a ideia em diante, deve saber que o encargo mais elevado é, por norma, a entrada para a casa. Depois, tenha em conta que terá os custos mencionados acima e o pagamento de comissões ao banco pelo seu empréstimo (conte com aproximadamente 1000 euros de encargos). Já em impostos, os valores podem oscilar consoante o preço do imóvel, mas não só. Para ter uma ideia de quanto poderá pagar, deve simular o imposto do selo, IMT e IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis).

A lista prossegue com os seguros obrigatórios, produtos contratados para reduzir o spread bancário, o montante do condomínio e possíveis gastos relacionados a obras de manutenção do imóvel.

Despesas relacionadas com o arrendamento de casa

Quando considera a opção de arrendar uma casa, é importante ter em mente que o investimento inicial será significativamente menor. Afinal, apenas será necessário pagar uma ou duas rendas antecipadas, juntamente com o valor da caução. Como inquilino, não terá a responsabilidade pelos encargos relacionados com obras, impostos ou despesas de condomínio — essas responsabilidades recaem sobre o senhorio. Contudo, deve estar consciente de que estará a pagar mensalmente por um imóvel que nunca será seu.

No que diz respeito à estabilidade, o arrendamento é a opção mais incerta. Mesmo que tenha um contrato de arrendamento, não há garantia de que o senhorio renove o contrato ou opte por encerrá-lo antecipadamente. Por outro lado, ao comprar uma casa e cumprir com as suas obrigações, terá sempre a segurança de ter um lar garantido. No entanto, a grande incerteza reside na valorização ou desvalorização do imóvel caso decida vendê-lo no futuro.

Cada situação é singular e, por isso, deve considerar os seus objetivos, as suas necessidades a longo prazo e a sua capacidade financeira antes de tomar uma decisão final. Consultar um profissional especializado no setor imobiliário pode ser uma ótima ajuda para orientar a sua escolha e desbloquear alguns medos, com o objetivo último de garantir que está a tomar a decisão mais adequada às suas circunstâncias pessoais.

Na prática, qual é a opção mais vantajosa?

Tendo em conta o atual nível das taxas Euribor e fatores como o aumento do custo de vida (gastos com bens essenciais), é importante ponderar muito bem se este é o momento certo para realizar o investimento num imóvel. De acordo com a presidente do BCE, Christine Lagarde, as taxas de juro na zona euro ainda deverão continuar a subir, devido aos valores elevados da inflação. Sobre a evolução das Euribor, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, afirmou que estas taxas deverão continuar a subir até setembro (na taxa a 12 meses) e novembro (nas taxas a três e seis meses). Só a partir deste último mês em diante é que se prevê uma descida gradual das taxas Euribor.

A decisão será só sua e dependerá das circunstâncias em que cada pessoa se encontra e das necessidades de cada um. Tenha ainda presente que a situação financeira do país não é o único fator condicionante. Deverá também considerar aspetos como a idade e projetos pessoais, no momento em que tomar a sua decisão.

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João Neves
Com cinco anos de experiência em investimentos, decidi que era altura de poder partilhar os conhecimentos e experiência que adquiri nas áreas da bolsa de valores, das criptomoedas, do mercado forex, dos produtos financeiros e até do mercado imobiliário.